domingo, 20 de março de 2011

ABORTO... SIM ou NÃO



A meu ver, a interrupção voluntária da gravidez em Portugal, não deveria existir,
salvo em casos especiais. São várias as razões que me fazem ter o pensamento diferente
da lei instituída em Portugal.
Actualmente existem vários métodos contraceptivos que impedem uma gravidez não
desejada. Existe a pílula, o preservativo feminino e masculino, o dispositivo intra-uterino
(DIU), as hormonas injectáveis, o implante, o espermicida, a abstinência
periódica/autocontrolo, as intervenções cirúrgicas definitivas. Existe também a pílula do
dia seguinte, caso algum método falhe. Cada um deve escolher o mais apropriado a si e
convém que use dupla protecção, para o caso de algum método falhar. Não existem
assim razões para acontecer uma gravidez indesejada, no geral. Só engravida quem
“quer” com a informação e divulgação dos métodos contraceptivos que existem
actualmente. Engravidar sem querer é para os irresponsáveis e inconsequentes e por isso
há que assumir a responsabilidade dos seus actos. Se não querem criar o filho, do mal, o
menos: que o doem para uma instituição. Sempre é preferível do que matar um ser
indefeso que não pediu para ‘ser feito’.
Por outro lado, quando a gravidez resulta de violação, considero que a mulher deve
ter o direito de escolher e abortar. Pessoalmente eu não queria ter um filho de um
homem desconhecido ou que fosse uma pessoa vulgar para mim, que me violentasse,
que eu sentisse ódio e nojo pelo que fez. Não queria um filho que estragasse a minha
vida, devido a alguém que o fez sem o meu consentimento.
Hoje, se as mulheres forem a um hospital no próprio dia, é realizada uma lavagem do
útero, eliminando assim uma gravidez decorrente de estupro. Como não podemos evitar
as violações, resta-nos aceitar o aborto neste caso, pois qualquer um nesta situação, não
quereria ter um filho indesejado.
Concordo também nos casos em que é detectada uma anomalia do feto. Sei que não é
muito correcto matar um ser vivo que vem ao mundo sem culpa, mas essas crianças irão
passar muitas dificuldades e sofrer com a família. Acho que estas não deveriam vir ao
mundo, pois não vejo isso como uma forma de viver. Nascemos para viver uma vida
digna e estas não a têm, pelo que considero que uma vida cheia de limitações e de
“inconsciência”, não é para elas nem para ninguém.
Por último, no caso de o bebé apresentar risco de vida para a mãe, penso que as
mulheres devem ter o direito a abortar. O que seria desta criança sem a mãe? O pai iria cria-la sozinho? Seria doada para uma instituição para esperar demasiado tempo para ter
uma família? Acho que a escolha da mãe deve prevalecer.
Com a liberalização do aborto, o número de casos de interrupção voluntária da
gravidez por parte da mulher aumentou significativamente. As pessoas passaram a ter
menos preocupações no geral, a centrarem-se apenas no momento e não no futuro, visto
que existe uma solução drástica e assim descuidam-se. Se repararmos a maioria das
mulheres que recorre ao aborto, não o faz só uma vez. Algo está mal aqui para tal
acontecer e parece-me que se deve ao facilitismo da lei, ainda que este não seja total.
Levantam-se muitas questões polémicas com a prática do aborto. Há quem defenda
que a partir do momento em que existe fecundação, existe vida e que todos temos
direito a ela, pelo que será errado e irracional fazer tal. Se assim é, não faz sentido as
injustiças que fazemos neste mundo e supostamente devíamos ser mais inteligentes e
fazer o uso certo da racionalidade. Não falo só na parte dos homicídios, mas também no
abate dos seres vivos que nos rodeiam. Neste mundo, “quem sobrevive são os mais
fortes”. Com os animais é assim, existe uma selecção natural e sobrevivem os mais
aptos às condições ambientais e às adversidades. Penso que não faz sentido falarmos em
ética e moral, porque esta questão ultrapassa tudo isso. O direito da criança viver não é
tido em conta nem a sua vontade. Se matamos um adulto, porque questionar a morte de
um feto? Nada do que fazemos faz sentido. Eu penso que a gravidez é um acto de
responsabilidade e devem enfrentar-se as consequências. Claro que os animais não
possuem racionalidade como nós, mas então não faz sentido termos esta característica
única e cometermos tantas injustiças entre nós e os outros animais. É uma questão que
dá muito que pensar. Para agirmos correctamente e em conformidade com os valores
éticos e morais, devíamos respeitar a vida uns dos outros, incluindo dos animais,
embora isso não se verifique nem venha a mudar no futuro. É a lei da Natureza,
dependemos todos uns dos outros.

Sem comentários:

Enviar um comentário